quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Conjunções Subordinativas

As conjunções subordinativas ligam uma oração de nível sintático inferior (oração subordinada) a uma de nível sintático superior (oração principal). Uma vez que uma oração é um membro sintático de outra, esta oração pode exercer funções diversas, correspondendo um tipo específico de conjunção para cada uma delas.
Um período formado por conjunções subordinadas que não contém as tais conjunções é chamado de: oração principal.
Por exemplo:
Vamos começar o jogo quando o Paulo chegar com a bola.
“Vamos começar o jogo” é uma oração independente, completa.
“quando o Paulo chegar com a bola” depende da primeira oração para fazer sentido.

As conjunções subordinaivas estão divididas em:
- integrantes
- adverbiais

-Conjunções subordinativas Integrantes: que, se.
São as que ligam duas orações, sendo que a segunda é sujeito ou complemento da primeira, ou seja introduzem uma oração (chamada de substantiva) que pode funcionar como sujeito, objeto direto, predicativo, aposto, agente da passiva, objeto indireto, complemento nominal (nos três últimos casos pode haver uma preposição anteposta a conjunção) de outra oração.
Quando o verbo exprime uma certeza, usa-se “que”; quando não, usa-se "se".
Afirmo que sou inteligente.
Não sei se existe ou se dói.
Espero que você não demore.

Observação: Uma forma de identificar o se e o que como conjunções integrantes é substituí-los por "isso", "isto" ou "aquilo".
Exemplos:
Afirmo que sou inteligente. (Afirmo isto.)
Não sei se existe ou se dói. (Não sei isto.)
Espero que você não demore. (Espero isto.)

As adverbiais podem ser classificadas de acordo com o valor semântico que possuem.
 “O Brasil espera que cada um cumpra com o seu dever.” (Tamandaré)
- O examinador verificará se o aluno está preparado.

Conjunções subordinativas adverbiais:
São as que ligam duas orações, sendo que a segunda é adjunto adverbial da primeira, ou seja a segunda expressa ciscunstância de finalidade, modo, compraração, proporção, tempo, condição, concessão, causa ou consequência.

Causais: Ligam duas orações, sendo que a segunda contém a causa e a primeira, o efeito:
porque, pois, porquanto, como, pois que, por isso que, já que, uma vez que, visto que, visto como, que, entre outros.
Inicia uma oração subordinada denotadora de causa.
Exs.:
Dona Luísa foi para lá pois estava doente
Como o frio era grande, aproximou-se da lareira.
 Como não estudou, foi reprovado.
Visto que não queres participar, serás afastado do grupo.


Comparativas: Ligam duas orações, sendo que a segunda contém o segundo termo de uma comparação. Indica comparação entre dois membros.
que, (mais/menos/maior/menor/melhor/pior) do que, (tal) qual, (tanto) quanto, como, assim como, bem como, como se, que nem (dependendo da frase, pode expressar semelhança ou grau de superioridade), etc.

Exs.:
Era mais alta do que baixa.
Nesse instante, Pedro se levantou como se tivesse levado uma chicotada.
O menino está tão confuso quanto o irmão.
Aquela jovem é mais bela do que sua irmã.
O território do Brasil é maior do que o território do Japão.


Concessivas: Inicia uma oração subordinada em que se admite um fato contrário à ação proposta pela oração principal, mas incapaz de impedi-la. Expressa ideia de concessão.

embora, muito embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que, apesar de que, nem que,em que, que,e, a despeito de, não obstante etc.

Exs.:
Pouco demorei, conquanto muitos fossem os agrados.
É todo graça, embora as pernas não ajudem..
Embora o pai não consentisse, Manuel continuava a fazer a corte à Isabel.

Condicionais:Iniciam uma oração subordinada em que se indica uma hipótese ou uma condição necessária para que seja realizado ou não o fato principal.
se, caso, quando, contanto que, salvo se, sem que, dado que, desde que, a menos que, a não ser que, etc.

Exs.:
Seria mais poeta,a menos que fosse político.
Caso estivesse por perto, nada disso teria acontecido.
Se o pai consentisse. Manuel continuaria namorando a Isabel.
O passeio será realizado, a menos que sobrevenha um temporal.
Não viajarás, a não ser que obtenhas visto no passaporte.
Caso o encontres, dá-lhe o meu recado.

Conformativas: Inicia uma oração subordinada em que se exprime a conformidade de um pensamento com o da oração principal.
conforme, como, segundo, consoante etc.

Exs.:
Cristo nasceu para todos, cada qual como o merece.
Tal foi a conclusão de Aires, segundo se lê no Memorial. (Machado de Assis)
Tudo se realizou, conforme havia previsto o astrólogo.
“Mais baixo estavam os outros deuses todos assentados, como a razão e a ordem concertavam” (Camões)
Concluímos os trabalhos, consoante as regras estabelecidas.

Consecutivas: Ligam duas orações, sendo que a segunda diz a consequência de uma intensidade expressa na primeira.

que (combinada com uma das palavras tal, tanto, tão ou tamanho, presentes ou latentes na oração anerior), de forma que, de maneira que, de modo que, de sorte que Iniciam uma oração na qual se indica a consequência.
Exs.:
Falou tanto na reunião que ficou rouco
Tamanho o labor que sentiu sede
Era tal a vitória que transbordou lágrimas de emoção
 “A moça chorou tanto, que ficou doente dos olhos”. (Eça de Queirós)

Finais: Iniciam uma oração subordinada que indica a finalidade, o objetivo da oração principal.

para que, a fim de que, porque [para que], que

Exs.:
Aqui vai o livro para que o leia.
Fiz-lhe sinal que se calasse.
Chegue mais cedo a fim de que possamos conversar.
É necessário que lutemos, a fim de que possamos triunfar.
Parei-o, para que me desses notícias do irmão.
“Orai, porque não entreis em tentação.” (Vieira)


Proporcionais: Iniciam uma oração subordinada em que se menciona um fato realizado ou para realizar-se simultaneamente com o da oração principal.

 à medida que, ao passo que, à proporção que, enquanto, quanto mais … (mais), quanto mais (tanto mais), quanto mais … (menos), quanto mais … (tanto menos), quanto menos … (menos), quanto menos … (tanto menos), quanto menos … (mais), quanto menos … (tanto mais),

Exs.:
Ao passo que nos elevávamos, elevava-se igualmente o dia nos ares.
Tudo isso vou escrevendo enquanto entramos no Ano Novo.
O preço do leite aumenta à proporção que esse alimento falta no mercado.
À medida que o professor falava, os alunos iam dormindo.
À proporção que remávamos, eu lhe ia contando a história.

Temporais: Iniciam uma oração subordinada indicadora de circunstância de tempo.
quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que, enquanto, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que [= desde que], etc.

Exs.:
Custas a vir e, quando vens, não demora.
Implicou comigo assim que me viu;
 “Mal o sol fugia, começavam as toadas das cantigas.” (Coelho Neto)

Observações gerais

Uma conjunção é na maioria das vezes precedida ou sucedida por uma vírgula (",") e muito raramente é sucedida por um ponto (".").
Outros exemplos:
"Aquele é um bom aluno, portanto deverá ser aprovado."
"Meu pai ora me trata bem, ora me trata mal."
"Gosto de comer chocolate, mas sei que me faz mal."
"João subiu e desceu a escada."
Quando a banda deu seu acorde final, os organizadores deram início aos jogos.

Atenção!
A diferença entre as conjunções coordenativas explicativas e as subordinativas causais é o verbo: se este estiver no imperativo, a conjunção será coordenativa explicativa: "Fecha a janela, porque faz frio."

O uso da conjunção "pois" pode a ser classificada em:
Explicativa, quando a conjunção estiver antes do verbo;
Conclusiva, quando a conjunção estiver depois do verbo;
Causal, quando a conjunção puder ser substituída por "uma vez que”.




sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Conjunções coordenativas


A CONJUNÇÃO (I )

As rãs em busca de um rei




As rãs andavam muito amoladas porque viviam sem lei, por isso pediram a Zeus que arranjasse um rei para elas. Zeus percebeu a ingenuidade das rãs e jogou um toco de árvore no lago. No começo as rãs ficaram apavoradas com o barulho da água quando caiu o toco e mergulharam bem para o fundo. Um pouco depois, vendo que o toco não se mexia, subiram para a superfície e escalaram o toco. Aquele rei não prestava, pensaram, e lá se foram pedir outro rei a Zeus. Mas Zeus já tinha perdido a paciência e lhes mandou uma cegonha, que num instante devorou todas as suas súditas.
Moral: Saiba quando se dar por satisfeito.
(Fábulas de Esopo.)

Observe a estrutura sintática destas orações:
Zeus percebeu a ingenuidade das rãs e jogou um toco de árvore no lago.
Sujeito                objeto direto        conjunção  VTD    objeto direto 
  
Perceba que cada uma delas tem todos os termos sintáticos necessários para que façam sentido. A palavra que as relaciona – e -  recebe o nome de conjunção coordenativa.
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Conjunção é uma das dez classes de palavras definidas pela gramática. As conjunções são palavras invariáveis que servem para conectar orações ou dois termos de mesma função sintática, estabelecendo entre eles uma relação de dependência ou de simples coordenação.
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Ligando orações:
“...Dará afrontosa morte aos maus e arrendará a vinha a outros lavradores...” (Mt.21.41)
Ligando termos:
[Luíza] e [Marcus] são bons amigos.
As conjunções classificam-se em coordenativas e subordinativas.


Conjunções coordenativas
 São as que ligam duas orações ou dois termos (dentro da mesma oração), sendo que ambos os elementos ligados permanecem entre si independentes.
As conjunções coordenativas subdividem-se em:

Aditivas: Ligam pensamentos similares ou equivalentes e expressam idéia de adição, acréscimo:
e, nem (= e não)... mas também, (não somente)... senão ainda, etc.
Exs.:
“Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força...” (Jr.9.23)
“Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência.” (Rm.13.5)
“A menina largou disfarçadamente os talheres e sumiu.” (Monteiro Lobato)
Newton canta e Ivone estuda.
Ivone não canta nem cantará nunca.

Adversativas: Ligam pensamentos que expressam ideia de contraste, oposição:
mas, porém, contudo, entretanto, não obstante, todavia,. Etc.
Exs.:

“...fala cada um de paz com o seu companheiro, mas no seu interior arma ciladas.” (Jr.9.8)

“E os homens da cidade disseram a Eliseu: Eis que boa é a habitação desta cidade, como o meu senhor vê; porém as águas são más e a terra é estéril.” (II Re.2.19)

“As formigas são um povo impotente; todavia no verão preparam a sua comida.” (Pv.30.25)

“Os ímpios me armaram laço; contudo não me desviei dos teus preceitos.” (Sl.119.110)
     
O orador falou mal, entretanto nós o apoiamos.
João estudou, mas Pedro brincou.
Júlia não estudou, entretanto passou.

Alternativas : Ligam pensamentos que expressam ideia de alternância, escolha:
 ou, ou...ou, ora... ora,já... já, quer... quer,, etc.
Exs.:
- “Ora pega na orelha, ora no lado ...” (Camões)
- “ atravessa as florestas, chega aos campos do Ipu.” (Alencar)

“...De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.” (Rm.14.8)

“Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós...” (Fp.1.27)

“Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim haveis crido.” (I Co.15.11)
Quer chova, quer não chova, Luíza vai sair.

Explicativas:Ligam duas orações, sendo que a segunda se apresenta justificando a anterior:
pois, porque, que, porquanto, etc.
Exs.:
“Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.” (At.8.20)

“Confiai no Senhor perpetuamente, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna.” (Is.26.4)

“...Senhor, salva-nos, que perecemos.” (Mt.8.25)

“E, pretendendo prendê-lo, recearam o povo, porquanto o tinham como profeta.” (Mt.21.46)
 O exame era difícil, pois nem sequer havíamos estudado.
Fique parado, porque você não pode andar.
Não faças tolices, pois você pode dar-se mal.

Conclusivas: Ligam duas orações, sendo que a segunda encerra a dedução ou conclusão de um raciocínio:
 logo, portanto, por conseguinte, por conseqüência, pois (após o verbo da oração), etc.
Exs.:
“Amo o Senhor, porque ele ouviu a minha voz e a minha súplica, porque inclinou sobre mim os seus ouvidos; portanto invocá-lo-ei enquanto viver.” (Sl.116.1-2)

“E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.” (Mt.3.10)
Bem dizia Descartes: penso, logo existo.
Deus te deu a vida; sê-lhe grato, pois.
Lucas estudou, portanto será aprovado.
Beto foi avisado, por conseguinte não deveria agir assim.

Referências

 Gramática - Teoria e Exercícios - Paschoalin & Spadoto
Gramática Escolar da Língua Portuguesa - Bechara, Evanildo
Gramática ilustrada – Hildebrando A. De André
Bíblia Sagrada -





sábado, 22 de outubro de 2011

OLAVO BILAC X CAETANO VELOSO




Língua portuguesa
Olavo Bilac


Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...



Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!



Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,



Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


Ganga: resíduo de jazida
Tuba: trombeta;
Clangor: som forte
Trom: estrondo
Procela: tempestade marítima
Arrolo: canção de ninar





Língua

                                                         Caetano Veloso




Gosto de sentir a minha língua roçar 
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar 
A criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixa os Portugais morrerem à míngua
"Minha pátria é minha língua"
Fala Mangueira! Fala!

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?

Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E - xeque-mate - explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da Fé

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?

Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
(- Será que ele está no Pão de Açúcar?
- Tá craude brô
- Você e tu
- Lhe amo
- Qué queu te faço, nego?
- Bote ligeiro!
- Ma'de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
- Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
- I like to spend some time in Mozambique
- Arigatô, arigatô!)
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem.






Nota:
Assunto tratado por Bilac e Caetano: a nossa Língua pátria.
A expressão “última flor do Lácio, inculta e bela” é o primeiro verso do poema de Bilac. Esse verso é usado para designar o nosso idioma. "A última flor" é a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim. A expressão "inculta" fica por conta de todos aqueles que a maltratam (falando e escrevendo errado), mas que continua a ser bela. A figura de linguagem que ele utiliza  é a Perífrase, que consiste no emprego de uma palavra ou grupo de palavras para exprimir uma coisa.
Caetano usa a palavra Lusamérica”  = América portuguesa (Brasil)e a expressãolatim em pó”  = como se o latim tivesse virado pó mesmo no idioma que, apesar da origem, em nada se assemelha à língua-mãe.
Bilac e Caetano  citam  Luis Vaz de Camões, o escritor português.
Segundo Bilac, a voz materna disse “Meu filho!” na mesma língua em que Camões chorou no exílio. Já Caetano diz que gosta de sentir sua língua “roçar” a língua de Camões.
A diferença que há entre as duas colocações é que Bilac se refere a um português mais próximo do de Camões, enquanto  Caetano admite a semelhança apenas.
O texto de Bilac é mais fiel ao português falado em Portugal e podemos perceber isso  na última estrofe do seu soneto. [MAPC]